Festival ‘Visões Periféricas’ exibirá 50 filmes produzidos na periferia
Como você é representado na mídia? Bom, se você for branco, classe média e morador de algum grande centro, talvez seja como uma família digna de comercial de margarina. Ou como o núcleo protagonista de alguma novela ou filme, aquele tipo de cena visto diariamente, sabe?
Mas se você mora em algum bairro periférico, fica bem difícil de se enxergar. Pior ainda se você for o “tio da vendinha”, a senhora que cuida das crianças em casa porque não têm creche ou o jovem que não pode continuar a faculdade, já que ela fica muito longe do trabalho e não sobra dinheiro, no fim do dia, para pagar internet e fazer EAD.
Sim, essas pessoas existem no dia a dia da quebrada, mas não nas telinhas. Ou melhor, elas até existem, mas na maioria das vezes são representadas como o núcleo de personagens sem educação alguma, falastrão, cômico que fala alto em todas as cenas e sempre se dá mal. Ou então os personagens “barra pesada”, cheios de armas, drogas, violência e sofrimento.
O Festival Visões Periféricas se propõe a fazer o inverso. Ele é uma plataforma de filmes de curta, média e longa-metragem produzidos na quebrada, por pessoas que tem vivencias bem diferentes e de diversos lugares. É o olhar de dentro para fora.
A 14ª edição do festival irá acontecer entre os dias 24 e 31 de março de 2021, e será gratuito e pela primeira vez totalmente online. Esse ano exibirá 50 filmes trabalhos exibidos em 6 sessões.
Quem está por trás desse projeto é o Marcio Blanco, que faz a curadoria junto com a Kamilla Medeiros e Janaína Damaceno. “Em 14 anos de realização, o Festival Visões Periféricas se consolidou como projeto único e inovador de difusão audiovisual no país, formação de rede e inserção do jovem realizador de periferia no circuito nacional de festivais. O Visões tem o mérito de ser o único festival no Brasil a assumir a missão de revelar uma geração de jovens realizadores com origem nas periferias brasileiras. O conceito de periferia no festival sempre foi abrangente e inclui desde filmes de realizadores de comunidades quilombolas, aldeias indígenas, favelas, negros e mulheres. Nos últimos anos vários realizadores iniciaram voos mais ambiciosos em formatos de maior duração”, afirma Marcio Blanco.
Na sessão de abertura do festival, no dia 24, às 19h30, será exibido um longa-metragem com tradução em libras. Serão 4 mostras competitivas: “Panorâmica”, com 5 filmes de filmes de longa-metragem e de média-metragem com duração de, pelo menos, 40 minutos; “Fronteiras Imaginárias” com programação de 20 filmes de curta-metragem produzidos por realizadores independentes e coletivos de audiovisual; “Cinema da Gema” com 10 filmes de curta-metragem produzidos no Rio de Janeiro e “Visorama” com 8 curtas de até 15 minutos produzidos em cursos de formação audiovisual no Ensino Básico e em projetos do terceiro setor.
Depois, os filmes serão avaliados pelo júri técnico e aí sim serão premiados com prestação de serviços na área de produção e pós-produção e bolsas de estudos em cursos de audiovisual. Além disso, os filmes das mostras Fronteiras Imaginárias, Cinema da Gema e Panorâmica serão avaliados por um representante de licenciamento do Canal Brasil.
Além das mostras de cinema, o Festival Visões Periféricas oferecerá também duas oficinas de produção audiovisual destinados ao jovens e que serão ministradas de forma virtual através do Zoom.
O objetivo do festival é exibir um painel diversificado de expressões culturais brasileiras através da produção audiovisual periférica. A curadoria privilegia filmes que expressem esteticamente uma visão crítica e inovadora sobre a quebrada. São filmes que trazem uma relação íntima entre temas, personagens e vivência dos produtores nos territórios onde os filmes são produzidos.
Serviço:
14º Festival Visões Periféricas
De 24 a 31 de março
A lista completa e exibição dos filmes você encontra no site visoesperifericas.org.br
Mais informações pelo linktr.ee