O funk não precisa de Rick Bonadio

“Precisamos exportar música boa e não esse ‘fica de quatro”’, disse o produtor “Rico” Bonadio, conhecido por produzir a banda Mamonas Assassinas. E ele não está errado, precisamos.

Rick Bonadio em sua conta no Twitter

Somos conhecidos por Jorge Ben, João Gilberto e Tropicália, onde o “fica de quadro” do funk se encaixa nesses movimentos? Ele não se encaixa, isso justamente pelo fato de ele não ser feito por Joãos Gilbertos ou Chicos Buarques de Holanda. Ele é feito por moleques de quebrada que ouvem e produzem para moleques de quebrada, todos sem sobrenomes pomposos e poucas intenções de aparecerem tocando no autofalante do elevador.

Hoje a gente fala de putaria e dinheiro na música porque a gente pode falar de putaria e dinheiro na música. Do que se trata “Sex Machine” mesmo?

“Os funkeiros precisam ousar evoluir musicalmente para crescer” disse “Rico” Bonadio, que em 30 anos de carreira como produtor musical é conhecido por produzir Mamonas Assassinas. E ele tem razão, precisamos evoluir o funk e exportar coisas com cara de Brasil. Vamos falar de tráfico na música, pretos morrendo todos os dias. Beats com referência no samba? Isso é tão Marcelo D2.

O que seria a tal música ruim? Em “Rick and Morty”, no quinto episódio da segunda temporada, exatamente no minuto 13:40, o rapper Ice-T fala que “tanto faz uma música ser incrementada demais ou não, música ruim é música ruim, você sente”. Como podemos resumir um movimento que toma conta das rádios, listas de Spotify, festas em bairro nobre e quebrada e que movimenta milhões nos mercado fonográfico dos anos 1980 até hoje como algo ruim? Bom, só falar que é ruim.

Quantos desses artistas precisaram de gravadoras para alcançar o sucesso? Parece que a crítica está aqui. Como diria o Don L, “antes do Rincon ter um hit e receber uma geladeira Rick”, o funk já fazia sentido.

“Espero que evoluam e entendam as críticas. Só aplauso pode ser alienação.” disse Rick Bonadio, um dos responsáveis pela banda pop Rouge, formada em 2002. E ele tem razão, precisamos evoluir. Não é o Drake, o artista mais ouvido no mundo, vindo ao Brasil gravar uma música com o MC Kevin o Chris ou a Cardi B, colocando meros 15 segundos de um funk em sua música no Grammy, música que nitidamente é inspirada nesse movimento, que significa que o funk está evoluindo. E como diria Mário Sérgio Cortella, “câncer também evolui”. Depois de Rouge, veio Br’oz.

“Não dá pra aceitar que sempre a mesma batida com letras de putaria seja algo necessário ou a ‘cultura do país””, comenta “Rico” Bonadio, produtor da banda Girls, que começou em 2013 e acabou em 2014. E mais uma vez ele está certo, precisamos produzir novas batidas, ritmos e não reciclar grupos de 2002 para 2013 como algo novo.

Errado está o saudoso produtor musical Miranda, que em entrevista à repórter Amanda Ramalho comenta que o rock do Elvis com o gingado e sempre os mesmos acordes é muito parecido com o que temos no funk. Quem dera o funk tivesse um Miranda para criticá-lo.

Então, como diria Vitor Kley, “Ô Rick, vê se me esquece, com suas opiniões e críticas, o funk não precisa de você aqui”. Por que bom mesmo é o CD Completo do ET e Rodolfo.