É mais fácil viver com ódio no Brasil do que se apaixonar, diz o rapper Delacruz
Falar de amor no rap nunca foi fácil, já diria Mano Brown. Em entrevista ao jornal Le Monde Diplomatique Brasil, ele diz que é mais fácil para o cara periférico falar de ódio do que abrir o coração, isso te deixa muito vulnerável.
Daniel Cruz, 23, mais conhecido como rapper Delacruz vai na contramão deste conceito no gênero. Conhecido pelas músicas melódicas, ele diz que, sendo brasileiro neste momento, é mais fácil viver cheio de ódio do que se apaixonar, mas não é impossível: “Estou muito com a minha família nessa pandemia. Eu prezo sempre falar do que eu vivo e tenho uma vivência muito boa com a minha esposa e meus filhos, eu aprendo muito com eles e com o meu casamento.”
Por outro lado, falar de amor é um estilo que sempre deu certo. Delacruz, por exemplo, acumula 2,3 milhões de seguidores no Instagram e 2,7 milhões de ouvintes mensais no Spotify: “O amor que tenho pela minha família está em primeiro lugar na escala de prioridades da minha vida, e isso se reflete na minha música”.
Sucesso que fez com que o cantor fosse um dos talentos confirmados na primeira edição do Ecoando Festival, um evento online organizado pelo Amazon Music, que será transmitido via Twitch do Amazon Music BR no dia 5 de junho, às 17h.
Chico Chico, Elana Dara e Nina Oliveira foram alguns dos convidados pela Amazon Music para um bate-papo com o produtor Marcus Preto, seguido de um show individual de cada artista.
Outra grande atração do festival é o funkeiro MC Hariel, amigo que Delacruz se orgulha em dizer que estão na mesma direção musical, mesmo cantando temáticas diferentes: “O rap e o funk são filhos da mesma mãe. São galeras diferentes, mas quando você coloca a palavra música ali ficam todos juntos. Por isso, os músicos sempre passeiam de um lado para o outro”, diz o rapper.
Esse trânsito de músicos pode ser visto na série de clipes “Poesia Acústica”, da Pineapple, que está na sua décima edição e já teve artistas como MV Bill, Djonga e Negra Li, rappers conhecidos pelo tradicional boom bap, mas que se renderam ao estilo melódico. Delacruz é um dos músicos mais presentes nesse projeto.
Cria de Vigário Geral, no Rio de Janeiro, e influenciado pelo avô Elias Índio, ex-compositor da escola de samba carioca Unidos de Lucas, Delacruz entende que o equilíbrio entre o instrumental e o eletrônico é importante na música. Em seu último EP, Nonsense, Vol. 2, ele mistura beats e a percussão de instrumentos, estilo que tem se tornado muito popular: “Estou ouvindo muito esse forró pop que o nordeste tem nos dado. Eles sabem fazer bem esse equilíbrio entre o eletrônico e os instrumentos de percussão. Eu gosto de ver os instrumentistas tocando as minhas músicas com partitura”.
Ainda vamos ouvir muito romance de Delacruz. O próximo projeto do cantor se chama #Romântico90: vai ser um single que vou lançar junto com o MC Marcinho. “Charme e funk é um ritmo que eu acho que vai voltar. A batidas de miami bass é um estilo que está está muito forte, a molecada tem trabalhado esses ritmos”.
Ser lembrado talvez seja a maior a maior pretensão de Delacruz: “Quando falarem de música e falarem de mim eu já posso morrer feliz”. Seja como músico ou romântico, ele já conquistou muitos ouvidos e corações.