Aniversário de festa literária terá Emicida, Maria Bethânia e Djamila Ribeiro
A Flup (Festa Literária das Periferias) comemora dez anos em novembro e traz desta vez uma edição especial com Emicida, Maria Bethânia e Djamila Ribeiro. O festival, que será online, terá a temática indígena e reunirá poetas ao redor do mundo.
O evento iniciará nos dias 30 e 31 de outubro, na favela da Babilônia, no Rio de Janeiro. Oito poetas da América do Sul dividem a cena com oito slamers da América do Norte na disputa desse que será o primeiro slam indígena.
Já nos dias 5, 6 e 7 de novembro a FLUP realizará o Slam Abya Yala –que na língua do povo Kuna, significa Terra madura– vai reunir campões dos slams realizados em 14 países das Américas e acontecerá na Laje da Aquarela do Leme, na Babilônia, Rio de Janeiro.
Um dos destaques deste ano será um painel online entre Boaventura de Souza Santos e o rapper Emicida. O tema do debate será “Diáspora Lusófona” a partir do hip hop. “Acredito que não só a música, mas a cultura hip-hop funciona como um grande telefone que conecta todas as ramificações da cultura africana. Ela causa um sentimento de solidariedade que acaba nos conectando”, comenta Emicida.
Igualmente imperdível será a homenagem que Maria Bethânia fará a Aldir Blanc, ícone da resistência à ditadura militar que morreu de covid no início da pandemia.
A maratona inclui também o painel “O que aprendi com as mais-velhas na cozinha da minha casa”, em que as filósofas Djamila Ribeiro e Tanella Boni conversam sobre conhecimentos e cultura negras.
A curadoria é compartilhada por Renata Tupinambá, poeta e ativista que vive no Rio de Janeiro, e Jenifer Murrin, slamer queer que atualmente vive em Toronto e já foi duas vezes campeã do slam canadense. O Coalkan reedita a parceria da Flup com o Toronto International Festival of Authors, que em 2020 compartilharam o Slam Cúir, apenas com poetas LGBTQIA+.
“A comunidade de poetas indígenas aguarda ansiosamente esse encontro com os parentes da América do Norte”, conta a curadora Renata Tupinambá, para quem o slam dialoga diretamente com a tradição oral dos povos originários. Os indígenas sempre cobraram um lugar na cena do slam, que no Brasil tem sido dominado por pessoas negras, particularmente as mulheres.
Outro ponto alto da programação é o encontro entre Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Schwarcz. Eles debaterão o processo de criação da Enciclopédia Negra, tanto do livro quanto da exposição em cartaz na Pinacoteca.
“O Brasil se vê como um país birracial, dividido entre negros e brancos, como se toda herança indígena fizesse parte do passado, como se o extermínio cometido contra os povos originários tivesse se estendido a sua cultura, a sua história”, conta Ludermir.
Para o Cacique Babau, de origem Tubinambá, a palavra é a arma mais perigosa utilizada pelos povos indígenas e eles precisariam aprender a manejá-la para sobreviver. E é através dela que a Flup a dez anos inclui a questão indígena no Lanani, o Laboratório de Narrativas Negras, parceria de formação de roteiristas com a TV Globo, e na programação com os slams.
Roberta Estrela D´Alva, criadora do primeiro slam no Brasil, comenta que os primeiros colocados vão participar da Copa do Mundo de Poesia que acontecerá em setembro na Bélgica.
D’Alva partilha a curadoria com Comikk Mg, reconhecido pelo SLAM nas Américas. A dupla também participa da bancada de entrevistadores de Marc Smith, poeta americano que criou as batalhas de poesia em Chicago, na década de 1980.
No dia do aniversário da FLUP, 7 de novembro, a data será comemorada com a segunda edição do Prêmio Ecio Salles, que este ano homenageará dez pessoas fundamentais para a Flup.
Outra grande novidade da Flup será o modo como os debates online serão disponibilizados para o público. “Adotaremos o formato de streamings, que liberando os conteúdos simultaneamente”, revela o diretor do festival.
A única mesa que seguirá a lógica clássica das lives será Rimas Transatlânticas, na qual Emicida e Boaventura de Souza Santos abrirão a programação da décima edição.
Vale lembrar que a programação dos dez anos só ficará online até 8 de novembro.
Programação Flup 10 anos
Flupflix: Maratona de painéis online de 30 de outubro a 8de novembro
Mais informações no site do festival: www.flup.net.br/
Rimas transatlânticas – Rapensando a Diáspora Através da Palavra Falada
Emicida e Boaventura de Souza
mediação de Raquel Lima
Todo mundo é griot, mesmo quem não é griot
Ondjaki e Raquel Lima
mediação de Carla Fernandes
Diáspora, uma palavra feminina
Mynda Guevara e Telma Tvon
mediação de Joana Henriques Gorjão
Harlem abissal
Miguel de Barros e Redy Wilson Lima
mediação de Bruno Sena Martins
Tudo que aprendi com as mais-velhas na cozinha de minha casa
Djamila Ribeiro e Tanella Boni
mediação de Ana Paula Lisboa
Diálogo de surdos
Djenebou Bathily e Leo Castilho
mediação de Alessandra Makkeda
Palavra confinada
Lucas Moura, Kaê Guajajara e Pierre Vinclair
Jogo de palavra – Como o slam se espalhou pelo mundo
Comiikk MG, Emerson Alcaide e Roberta Estrela D’Alva entrevistam Marc Smith, o criador do slam
Rime como uma garota
Bibi Abigail, Edith Azam e Luiza Romão
mediação de Karine Bassi
Corre pro Pajeú
Luna Vitrolira comanda mesa de glosa com Dayane Rocha, Elenilda Amaral, Ivoneide Amaral, Francisca Araújo, Thaynnara Queiroz, poetas do sertão do Pajeú
Enciclopédia Negra, biografias que nos definem
Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilian Schwarcz
mediação de Eugênio Lima
Homenagem do milênio
Maria Bethania recita letras de Aldir Blanc